sexta-feira, 30 de maio de 2014

A expedição.

Eu não poderia embarcar sem falar brevemente sobre a expedição e seus integrantes.

A instituição que promove as expedições, chamada Integrated Ocean Discovery Program (IODP), surgiu (se não me engano) entre o final da década de 60 e inicio de 70. Trata-se de um projeto internacional de pesquisa marinha com apoio de diversos países, incluindo o Brasil. A IODP realiza perfurações e estudos sobre os oceanos buscando respostas sobre a evolução do Planeta Terra.

A expedição da qual farei parte vai perfurar o assoalho oceânico de um local no Oceano Pacífico próximo a Fossa das Marianas (local mais profundo dos oceanos), distante mais ou menos 1000 km de Yokohama.

O círculo amarelo mostra Yokohama e a estrela vermelha é o ponto onde será feita a perfuração.

Ao todo seremos 30 cientistas (lista abaixo) buscando informações sobre a evolução geológica da região a ser perfurada. O objetivo principal da expedição é o embasamento. Além dos cientistas haverá ainda uma grande quantidade de pessoas dedicadas à limpeza, alimentação, perfuração, etc...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Cheguei.

Finalmente cheguei a Yokohama! Depois de quase 24h de voo, fora o tempo perdido em aeroporto, eis que estou em terra japonesa. 

Quero agradecer enormemente a todos que rezaram e que continuam torcendo por mim. Fiquei muito contente com a repercussão do blog, e mais ainda que vocês curtiram a ideia.

Enfim, Yokohama é uma cidade muito interessante. Cheguei já era fim de dia, lembrando que o fuso daqui é 12h a mais que no Brasil. Tem muita opção de comida e o povo é muito educado. Pra ter uma ideia, eu que gosto de reclamar da sujeira das cidades no Brasil, fiquei de boca aberta aqui. Caminhei por mais de uma hora e não achei nenhuma lixeira na rua, e adivinhem? Nada de lixo no chão...

Amanhã vou comunicar o povo da expedição que já estou aqui e depois terei um tempo pra conhecer melhor a cidade, se possível posto umas fotos aqui.

Gostei muito que vocês comentaram lá no face, mas seria mais interessante se vocês comentassem as coisas por aqui.


Novamente muito obrigado! 

PS: Amanhã sairá o meu primeiro chimarrão em terra japonesa.    

Trabalho de um micropaleontólogo.

Vou tentar explicar de uma forma rápida (até demais) qual vai ser a minha contribuição para a expedição.

A micropaleontologia é um ramo da paleontologia que estuda restos de animais ou vegetais fósseis com dimensões muitos reduzidas, cuja observação só é possível com auxílio de lupas e microscópios. 

Os microfósseis são encontrados em grande quantidade em rochas compostas por sedimento fino tanto de origem continental quanto oceânica. São poucos os tipos de rocha sedimentar que não contém nenhum grupo de microfóssil. Dentre os principais grupos de microfósseis estão protozoários, algas e partes de organismos maiores, como o pólen e os esporos das plantas.

O trabalho de um micropaleontólogo começa com a obtenção das amostras de rocha, seguido da preparação da amostra para a recuperação dos microfósseis. Posteriormente os microfósseis são separados dos fragmentos de rocha para identificação dos mesmos (fotos a seguir). Cada organismo possui características únicas que possibilitam estabelecer inferências sobre o ambiente e a época em que este organismo viveu.

Amostras de rocha recém chegadas ao laboratório.
Preparação das amostras para recuperação de microfósseis.
Triagem, onde os microfósseis são separados dos fragmentos de rocha. 
Análise dos microfósseis.

Eu trabalho com um grupo de microfósseis chamado "nanofósseis calcários". Este grupo é formado principalmente por algas microscópicas que viviam nos mares da pré-história e seguem até a atualidade.

Exemplo de algumas formas de nanofósseis calcários.

Este é o menor grupo de microfóssil e sua análise deve ser feita com um microscópio com aumento mínimo de 1000x. Essas algas dominavam todos os oceanos e além de ocorrerem em grande quantidade elas evoluíam muito rápido, fazendo com que as espécies tenham um range estratigráfico (período entre surgimento e o desaparecimento da espécie) muito curto. Desta forma, este grupo de microfósseis é amplamente aplicado para datação das rochas, ou seja, ao analisar a rocha e se deparar com determinadas espécies, é possível atribuir uma determinada idade para a deposição daquele sedimento.

A minha maior contribuição para a expedição será a datação das rochas, enquanto outros grupos de microfósseis e outro tipo de analises indicarão outros fatores.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Agradecimento.

Não posso começar essa expedição sem agradecer as pessoas que realmente me ajudaram durante minha formação pessoal e acadêmica.

Em primeiro lugar a minha família e esposa que sempre me incentivaram a estudar e buscar meus sonhos. Essas pessoas me deram a base (cada um do seu jeito) pra eu me tornar o homem que sou hoje em dia.


Em segundo lugar as pessoas que me encaminharam na carreira acadêmica:
- Dr. Gerson Fauth, que me aceitou no instituto e me encaminhou no estudo dos nanofósseis calcários.
- Msc. Lúcio Riogi Tokutake, meu primeiro contato no mundo dos nanofósseis calcários. A pessoa que me ensinou toda a base e que me orientou na graduação e mestrado.
- Dr. Rogério Loureiro Antunes, que além de referência se tornou um grande amigo e consultor nas dúvidas mais cruéis.
- Dra. Andrea Concheyro, uma pessoa maravilhosa que vem me guiando na árdua tarefa de concluir o doutorado.

Gerson, Lúcio, Rogério, Eu e Andrea.

Em terceiro lugar mas não menos importante agradeço a todos os amigos de Carlos Barbosa e aos companheiros de trabalho do ittFOSSIL, por todo o incentivo e confiança.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quem sou eu.

Meu nome é Rodrigo do Monte Guerra, tenho 30 anos, sou geólogo de formação e naturalista por entusiasmo.


Desde criança já sabia que minha alma estava nas ciências naturais, só não sabia qual delas... Hoje me considero (humildemente) um naturalista. Adoro aprender cada dia mais sobre as plantas e seus usos, os animais e suas curiosidades, as rochas e a história por trás delas, enfim sobre a dinâmica de um lugar tão fascinante como o planeta em que a gente vive.

Trabalho há seis anos como micropaleontólogo no Instituto Tecnológico de Micropaleontologia da Unisinos (ittFOSSIL - http://www.unisinos.br/itt/ittfossil/). Nesta universidade obtive minha graduação em geologia (2009), meu mestrado em geociências (2011) e estou concluindo meu doutorado. 

Muitos amigos, companheiros de trabalho e parentes tem curiosidade de como é meu trabalho e de como será esta expedição, por isso vou tentar escrever um diário de bordo contando como está o andamento dos trabalhos. 

Nos próximos tópicos prometo explicar um pouco mais sobre o trabalho de um micropaleontólogo e sobre a minha área de estudo, os nanofósseis calcários.

No tempo livre gosto de aproveitar as horas com as pessoas que me cercam e tirar um tempo para meus hobbies (que não são poucos): esporte, fotografia, natureza, viagens e o principal deles, o colecionismo.