sexta-feira, 13 de junho de 2014

A análise!

Quando o testemunho chega uma voz ecoa nas caixas de som espalhadas pelo navio “core is on deck”. Quando a gente ouve esse chamado, nós paleontólogos temos que colocar o capacete e o óculos de proteção e ir até a parte de fora do navio (no post anterior tem umas fotos onde o pessoal esta medindo e cortando os testemunhos). Lá a gente recebe a amostra que ficou retida no core catcher e vai direto para o laboratório para realizar os procedimentos de extração dos microfósseis presentes na amostra.
Porta localizada na entrada do laboratorio, dando acesso a parte extena onde chegam os testemunhos.
Meu companheiro de trabalho (Sev) com a amostra do core catcher.
A técnica para a recuperação de nanofósseis calcários é muito simples. Basicamente a rocha é raspada com um bisturi (ou algo semelhante) em cima de uma lamínula e depois é acrescentada uma gota de água. Com um palito de dente a mistura amostra + água é espalhada pela lamínula, que é então colocada numa chapa aquecida para que a água evapore. Quando seca a lamínula é colada na lâmina com uma cola especial e então a lâmina está pronta para análise. Este processo leva em torno de 5 minutos.

 
A análise da lâmina é feita num microscópio petrográfico, típico para análise de lâminas de rocha, usando um aumento de 1000x. Aqui todos os microscópios tem um nome, eu estou usando o “Kiwi”. Basicamente preenchemos uma planilha onde consta diversos dados sobre a amostra, como a preservação dos fósseis, o nome e a abundancia das espécies encontradas e a idade inferida.
O "famoso" Kiwi.
Planilha com os dados da amostra.
O tamanho médio de um nanofóssil fica entre 3 e 10µm, pra se ter uma ideia numa régua o primeiro risquinho que mede 1mm equivale a 1000µm. Os nanofósseis calcários são divididos basicamente em dois grandes grupos: os remanescentes de minúsculas algas que viviam (e ainda vivem) no oceano e alguns outros elementos aos quais não foi atribuída nenhuma descendência por não haver nada semelhante na atualidade.

Abaixo mostro algumas das espécies que venho encontrando nos últimos dias, no momento estamos encontrando espécies que viveram entre 26 e 24 milhões de anos atrás numa época chamada de Oligoceno.

3 comentários: