terça-feira, 10 de junho de 2014

O navio - parte V.


É hora de falar sobre o Core deck. Aqui é que a coisa realmente acontece, é neste “andar” que o testemunho chega e que recebe os primeiros cuidados.

Num dos posts anteriores eu expliquei de forma sucinta como é feita uma perfuração, agora vem a próxima etapa. O testemunho chega até o barco, e agora?
Como falei anteriormente não é a coluna de perfuração inteira que sobe até a superfície trazendo as amostras. O que chega até a superfície é um tubo cilíndrico de aço com cerca de 9 m de comprimento onde o testemunho fica retido (dentro de outro cilindro de plástico). Na ponta deste grande cilindro de aço há outro pequeno cilindro com cerca de 30 cm onde ficam retidas as partes mais basais do testemunho, este pequeno cilindro é chamado de “core catcher”.

Nesta imagem da pra ver o core catcher na ponta do tubo cilindrico.

Quando o tubo maior chega até o deck, primeiramente o core catcher é tirado e entregue para os paleontólogos analisarem (estas são as amostras que analisamos para determinar a idade do testemunho). Depois o testemunho maior é tirado, medido e cortado em partes menores (tamanho médio de 1,5 metros), Nesta etapa são colhidas amostras para analises geoquímicas, como composição da água, etc...
Core catcher entregue ao operador.
Tubo de plastico contendo o testemunho sendo tirado do tubo de aco.
Pessoal medindo e cortando o testemunho em pedacos menores.
Material sendo tirado do core catcher.
Enquanto nós paleontólogos preparamos a amostra e analisamos nossos resultados (vou falar disso no fim do post), o resto do testemunho passa por uma série de descrições e análises.
Depois de cortado em partes menores o testemunho vai para uma sala onde são medidas as propriedades físicas das rochas, que indicarão (principalmente) dados sobre a composição, formação e condições ambientais das mesmas. Após adquirir essas informações o testemunho vai para outra sala onde é dividido no meio (uma parte vai para a análise e a outra é colocada no arquivo).
Sala onde sao medidas as propriedades fisicas das rochas.
Sala onde os testemunhos sao repartidos no meio.
A metade que vai para o arquivo é usada para medir as propriedades magnéticas das rochas. Estes dados auxiliam entre outras coisas na datação das rochas.
Equipamento para obter as propriedades magneticas das rochas.
A metade a ser analisada é então colocada numa máquina que fotografa todo o testemunho, tipo um scanner. Depois disso os testemunhos vão para uma mesa onde o pessoal faz a descrição das rochas que o compõem.
Equipamento que fotografa o testemunho.
Pessoal descrevendo as rochas.
Voltando a nossa analise... O core catcher é entregue para nós e a gente vai para o laboratório onde as amostras são preparadas para recuperação de microfósseis. Cada grupo de microfósseis possui um tipo de preparação diferente. Depois de preparadas as amostras, nós vamos para uma sala onde estão os microscópios para fazer a analise e gerar os resultados. A sala é grande e possui quatro microscópios petrográficos e três lupas, além de um MEV de mesa (equipamento que proporciona imagens dos microfósseis com os mínimos detalhes).
Amostra proveniente do core catcher.
Laboratorio de preparacao para recuperar microfosseis.

Laboratorio de micropaleontologia.
Area que estou usando para fazer as descricoes.
A cada troca de turno é realizada uma reunião com todos os cientistas onde são mostrados todos os resultados obtidos.
Reuniao de troca de turno.

2 comentários:

  1. Puxa que interessante!!! Estamos acompanhando todas as tuas postagens e aprendendo como é a rotina de um micropaleontólogo na expedição!!!

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  2. Obrigado Simone. Muito bom saber que o pessoal esta acompanhando e gostando das postagens.

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